domingo, 08 de junho de 2025

Busca

domingo, 08 de junho de 2025

Link WhatsApp

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp Top Mídia News
Algo mais

há 2 semanas

Bonecas ou bandeiras? Polêmica sobre bebês reborn escancara machismo estrutural, defende deputada

'Viral bebê reborn retorna ao debate da maternidade como destino das mulheres', critica Gleice Jane

Nos últimos meses, vídeos de influenciadoras mostrando suas coleções de bebês reborn (bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos) viralizaram nas redes sociais e o fenômeno rapidamente se tornou alvo de críticas e discussões acaloradas. No entanto, para além da estética, o debate revelou discursos que, segundo especialistas e parlamentares, escancaram um viés machista ainda presente na sociedade.

Parte dessas críticas tem acusado as mulheres que exibem os reborns de estarem "substituindo filhos reais por bonecas" como consequência do que chamam de "fracasso da cultura feminista". A ideia, sustentada por setores conservadores, seria de que o instinto materno teria sido reprimido pela luta por igualdade e agora encontraria "alívio" nos brinquedos.

No campo político, a discussão também chegou às casas legislativas, com projetos de lei sobre o tema. As propostas vão desde proibir atendimento a bonecos hiper-realistas em instituições de saúde a acolher de forma psicossocial quem desenvolve vínculo afetivo com eles

As leis são feitas com justificativas de que bebês reborns estariam sendo usados para conseguir benefícios preferenciais a lactantes e puérpera. No entanto, não haveria casos reais registrados.

Alguns parlamentares e ativistas, entendem a explosão de discussões sobre o assunto como mais uma narrativa que tenta desqualificar a autonomia das mulheres. Seria uma tentativa de infantilizar a imagem feminina e associá-la à fragilidade emocional ou ao desequilíbrio psicológico.

A deputada estadual Gleice Jane (PT), ouvida pela reportagem, afirmou que o cerne da discussão não deveria estar nas bonecas em si, mas na forma como a sociedade encara o papel feminino. "O fenômeno Reborn marca um tempo histórico, e retorna sempre no mesmo lugar: na maternidade como destino e prazer das mulheres. O papel das mulheres ficou estigmatizado, nos reduzindo somente ao cuidar e maternar", afirmou a parlamentar.

Para Gleice, é preciso cuidado ao tratar temas como esse no espaço público. "Precisamos polemizar menos e ter um olhar atento e cuidadoso ao nos referirmos às mulheres e à maternidade. Mais uma vez, nos deparamos com pautas que desviam o foco da realidade, como por exemplo, o machismo, que é uma violência contra a mulher", disse.

Segundo ela, o debate sobre os reborns acaba sendo apenas um pretexto para retomar discursos que tentam controlar a vida e as escolhas femininas. Além de Gleice, outros parlamentares alertam que o uso de legislações com viés moralista e sem base pode abrir caminho para retrocessos na luta por direitos e liberdade.

Ao transformar um comportamento isolado em uma questão política de saúde pública, o risco, segundo analistas, é alimentar narrativas que deslegitimam a autonomia da mulher sobre seu corpo, suas emoções e suas decisões. O debate sobre os bebês reborn, portanto, expõe, mais uma vez, a insistência em definir o que é ou não aceitável no universo feminino.

Como resume a deputada Gleice Jane, o verdadeiro desvio está em ignorar o que de fato oprime. "O machismo é uma violência estrutural. E enquanto discutimos bonecas, deixamos de lado as pautas urgentes que realmente impactam a vida das mulheres".

Siga o TopMídiaNews no , e e fique por dentro do que acontece em Mato Grosso do Sul.
Loading

Carregando Comentários...

Veja também

Ver Mais notícias