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Com coragem e carinho, Marilza dedica os dias à luta pela vida do neto atípico (vídeo)

Aposentada assumiu a criação do neto autista e enfrenta sozinha os desafios da maternidade atípica

Acordar no meio da noite para checar se as portas estão trancadas, preparar o café da manhã com cuidado, dar o remédio na hora certa, lutar por uma vaga na escola, acolher no colo quando o mundo parece grande demais. Essa é a rotina silenciosa, mas cheia de amor, de Marilza Pereira dos Santos, uma avó que a vida transformou em mãe pela segunda vez.

Aos 67 anos, dona Marilza cuida de Júnior, seu neto com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com uma dedicação que não conhece pausas. “Ele não dorme de noite, só de dia. Eu fico atenta, levanto várias vezes. Tenho medo que ele se machuque ou que alguém entre na casa. É um cuidado constante”, conta. E em meio à exaustão, há também ternura: “Hoje ele não quis tomar café. Fui no quarto, disse que a avó ama ele. Aí ele veio. Às vezes é só isso que ele precisa: ouvir que é amado.”

O papel que Marilza assumiu não é exceção. Em muitos lares brasileiros, são as avós que acolhem e criam netos com deficiência ou transtornos do neurodesenvolvimento, especialmente quando os pais se ausentam. Segundo a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, que produziu uma edição especial da série “Mães Atípicas” para homenagear essas mulheres, a figura da avó-mãe tem se tornado símbolo de resistência e afeto em meio a uma realidade marcada por abandono e falta de apoio.

“Quando a família percebe que a criança vai exigir mais atenção, gastos e paciência, não são raros os casos em que o pai desaparece. E, se a mãe não consegue lidar, quem assume são as avós. Elas viram essas mães atípicas, muitas vezes sem nenhum e”, explica o defensor público Carlos Felipe Guadanhim Bariani.

Com o neto sob sua responsabilidade desde a infância, Marilza teve que aprender a lidar com o autismo quase sozinha. A dificuldade de adaptação escolar, as crises, os atendimentos médicos e até as burocracias judiciais fazem parte de uma rotina que exige força extra todos os dias. E, apesar de tudo, ela ainda sonha: “Queria que ele voltasse para a escola. Lá ele convive, aprende. E ele adora polícia, quer ser policial. Toda vez que a uma viatura, ele corre para olhar.”

Além do afeto, Marilza precisa correr atrás de direitos. A Defensoria atua para garantir pensão alimentícia, o a tratamentos e inclusão social — questões que, sozinhas, seriam impossíveis de enfrentar. “Essas mulheres são heroínas invisíveis. Precisam saber que não estão sozinhas. Elas e seus filhos têm direitos. É preciso buscar ajuda e, principalmente, não desistir”, reforça Bariani.

O amor de avó, no entanto, não é menor — é mais profundo. Carrega marcas da renúncia, da dupla jornada e de uma coragem silenciosa. Ser mãe atípica, nesse contexto, é mais do que um papel imposto: é um ato de entrega.

“Ele é meu neto, mas é como se fosse meu filho. A gente se entende no olhar. Não é fácil, mas é amor. E amor não tem cansaço que derrube”, diz Marilza, com os olhos úmidos e a voz firme.

 

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