Com mais de 10 anos de companheirismo, Marizete Ferreira Pereira, de 60 anos, e Wesley Nogueira Silva, de 40, celebram neste 12 de junho o Dia dos Namorados, uma história de amor que começou na internet. Foi pelas redes sociais que ambos encontraram o amor novamente, mas apesar da distância de mais de 1.200 quilômetros que os separavam, eles enfrentaram o medo e o desconhecido para serem felizes novamente.
Tudo começou em 2015, quando Marizete, que se sentia muito sozinha, recebeu do sobrinho uma sugestão que mudaria sua vida. "Ele me disse: 'tia, a senhora tem que fazer uma conta no Facebook, para fazer amizade, para não se sentir sozinha nessa solidão'. Eu falei: 'então vamos embora'", conta.
O sobrinho criou a conta para ela, e logo vieram as primeiras solicitações de amizade, entre elas, a de Wesley. "Na hora que eu aceitei, acho que ele estava na mesma carência que eu, porque já começou a conversar. Eu pedi para o meu sobrinho me ensinar a responder e começamos a conversar. Ficamos uns dois meses assim, só no Facebook, eu aqui e ele lá em Minas Gerais. Tudo começou como brincadeira, eu não achava que ele ia levar a sério".
Mas Wesley levou. Tão a sério que logo expressou o desejo de conhecê-la pessoalmente. "Ele falou que queria que eu fosse lá em Minas. Eu disse: 'não, não vou em Minas. Eu não te conheço. Se quiser, venha para cá'. No dia ele não respondeu. No outro, ele disse: 'eu vou, sim, para Campo Grande. Só vou me ajeitar aqui e vou'. Quando ele disse aquilo, eu fiquei desesperada. Me deu medo porque vi que era sério".
Wesley morava em Rio Paranaíba (MG), cidade do interior a mais de 1.200 km de Campo Grande. Na época, ele trabalhava como segurança em uma faculdade e deixou para trás pai, mãe, irmã e o filho de um relacionamento anterior para seguir o coração.
A primeira visita foi marcada: ele viria no feriado da Semana Santa. "Quando chegou perto do feriado, ele mandou mensagem: 'porque eu preciso te conhecer, porque eu não estou aguentando mais ficar longe'. Foi aí que tive que abrir o jogo para meu pai e minha mãe, porque eu moro com eles. Expliquei tudo".
O primeiro encontro
No dia 2 de abril, Wesley chegou de ônibus na rodoviária de Campo Grande. "Foi uns dois dias de viagem. Eu quase desisti, mas ele ligou perguntando se eu ia buscar ele. Então fui. A rodoviária estava cheia, mas de longe ele me viu e gritou meu nome", relembra Marizete.
O encontro foi emocionante. "Foi um abraço tão profundo, de amor mesmo. Parecia que a gente já se conhecia há muito tempo. Foi amor à primeira vista".
Mas Marizete se surpreendeu com o que viu: Wesley não veio apenas com a intenção de conhecer. "Ele já veio de mala e cuia, com computador, roupa, tudo. Meu pai até perguntou: 'ué, ele não veio só para te conhecer?' E eu respondi: 'era para ser só para conhecer'. Mas ele ficou. E estamos até hoje juntos".
No início, o receio era grande. "Eu falei: 'meu Deus, você é uma pessoa estranha'. Mas a mãe dele me ligou, conversou comigo, disse que era a primeira vez que ele viajava para fora, que estava apaixonado e que ela confiava em Deus. A ligação me tranquilizou".
Diferença de idade e preconceito superados
Marizete também enfrentou outro obstáculo: o preconceito com a diferença de idade. "São 20 anos de diferença. No começo, eu mesma não queria me envolver. Falei para ele e para a mãe dele. Mas ela respondeu que para eles isso não era problema. E, graças a Deus, nunca foi".
Segundo ela, Wesley sempre agiu com naturalidade. "Nunca teve vergonha. Ele é uma pessoa muito humilde, carismática, companheira. Tudo o que eu gosto, ele gosta também. Sempre juntos. O relacionamento é assim: um pelo outro".
Ao longo dos anos, a relação amadureceu, e as famílias se aproximaram. "Quando contei para minhas filhas que ele vinha, ficaram preocupadas. Mas no mesmo dia em que ele chegou, chamei elas para conhecerem ele. Aos poucos foram pegando amizade. E no final do ano, eu já estava ando o Natal em Minas com a família dele".
Uma rotina de companheirismo
Hoje, Wesley aprendeu até a cozinhar para agradar Marizete. "Todo dia ele faz uma jantinha gostosa. Tudo que está ao alcance dele, ele faz para me agradar. Ele é bem caseiro, não sai para baladas, nem bares. Por isso deu certo".
Para ela, o segredo da relação é simples: "paciência, resiliência, respeito mútuo e companheirismo".
Apesar de ter começado com receio, o que nasceu de uma carência virou uma parceria sólida. "Mesmo com medo, eu falei: 'vou com medo mesmo'. E graças a Deus deu certo. Acredito que foi predestinado por Deus. Nada aconteceu sem a vontade Dele".
Pouco mais de dez anos depois daquele feriado de abril, o casal segue vivendo juntos, provando que o amor não tem idade, distância nem barreiras. "A gente se completou. E isso é o mais importante", finaliza.