Familiares culpam a Santa Casa de negligência médica pela morte de Sophie Emanuelle Viana, de 5 anos, em Campo Grande. O óbito foi confirmado na noite de quinta-feira (29), após a menina sofrer uma parada cardíaca. A indignação da família foi compartilhada nas redes sociais pela tia da vítima, Vailza Viana.
Segundo um familiar, por volta das 19h30 do último domingo (25), a menina sofreu um acidente doméstico, onde um portão de correr caiu em cima dela. A criança foi levada às pressas para o UPA Vila Almeida, onde foi socorrida de imediato e suturado o corte com cinco pontos devido ter batido a cabeça no chão e o portão ter ficado sobre ela.
Ainda na unidade de saúde, foi solicitado uma vaga de emergência para Santa Casa, a qual foi disponibilizada em 30 minutos, devido à gravidade dos ferimentos e pela paciente ser cardiopata. Já no hospital, a médica que estava no plantão não solicitou os exames necessários para identificar os traumas, pedindo apenas um raio-x, mesmo sendo informada e descrito no laudo enviado pelo Upa.
Ainda segundo o relato do familiar, em menos de 4 horas no hospital, a criança recebeu alta médica. “Retornei para buscá-las, questionei quanto aos exames e a médica que atendeu teve a ousadia, de dizer para minha irmã que a menina estava melhor, pois é uma criança ativa, que não parava de falar”, relatou a mulher.
Ao acordar no dia seguinte, Sophie estava com dor de cabeça, apresentava febre de 39°C e vomitava o medicamento que ingeriu. Diante da situação, a tia retornou como a criança para a Santa Casa, onde solicitaram pedido da UPA para atender a paciente. “Disse que não tinha e que não iríamos, pois a médica sequer deixou a menina em observação após um trauma na cabeça”, conta.
A mulher conta que ao chegar no pronto-socorro, ela apresentou o documento da alta médica de menos de 24h, pegou a senha para atendimento e ao entrar, a criança ou por uma tomografia, onde foi constatado que ela apresentava concentração de sangue no crânio e uma fissura, que segundo o médico, não afetava e que ia deixar a menina em observação.
O rosto da paciente começou a inchar e não pediram uma ressonância para ver a situação interna da cabeça dela e ao ar dos dias, a menina reclamava de dor, onde foi receitado morfina de tanta dor que ela sentia. "Deixaram minha sobrinha ir morrendo aos poucos, aqueles inchaços era algum líquido que estava vindo da parte interna da cabeça, apenas na quinta-feira, quando ela já estava sem falar, que resolveram levar para emergência, onde teve que entubar, o neuro que estava recebendo o plantão iria fazer a cirurgia, onde explicou que o quadro dela era gravíssimo e teria que abrir para identificar o líquido que estava causando o inchaço”, disse a tia da paciente.
Por volta das 19h15, a Sophie sofreu uma parada cardíaca, onde foi reanimada, em seguida a família foi informada que não iam fazer mais a cirurgia e minutos depois o neuro retrocedeu e disse que faria o procedimento, pois a criança poderia sofrer outra parada.
A família foi levada para o segundo andar do centro cirúrgico, para aguardar, e às 21h um rapaz pediu para os parentes irem até o pronto-socorro, onde o médico informou que a criança sofreu outra parada e não resistiu.
"Apesar da minha irmã acionar diversas vezes a equipe de enfermagem que ela não estava bem, a resposta era de que um médico tinha 48h para falar sobre resultado dos exames. Como uma paciente que tem cirurgia cardíaca, não foi tratada com a devida importância, deixaram minha pequena sofrer, na quinta-feira ela estava arrancando tufos do próprio cabelo, de tanta dor que ela teve, e chamava a equipe que só dava dipirona a ela”, finalizou a familiar.
Reportagem entrou em contato com a Santa Casa, pediu um parecer sobre a situação e aguarda retorno.
Em nota enviada ao TopMídiaNews, a Santa Casa afirma estar acompanhando o caso desde a morte e garante que todas as condutas médicas adotadas estão sendo avaliadas internamente.
"O paciente ou por diversos exames e foi submetido a avaliações realizadas por diferentes profissionais e especialistas, tanto na primeira quanto na segunda agem pelo hospital. No primeiro atendimento, após um período de observação rigorosa e sem sinais preocupantes, a paciente recebeu alta", diz o comunicado.
Ainda conforme o hospital, Sophie retornou cerca de 10 horas depois com um quadro agravado e foi novamente atendida, mas não resistiu. A Santa Casa afirma que o corpo foi encaminhado para necropsia e reitera o compromisso com a transparência e a qualidade do atendimento prestado.
*Matéria alterada às 11h20, de 2 de junho, para acréscimo de retorno da Santa Casa