Depois de terem os abrigos destruídos durante uma ação de limpeza da Prefeitura de Campo Grande na Avenida Café Filho, bairro Santo Amaro, as cuidadoras dos gatos comunitários decidiram reconstruir as casinhas dos animais. Eles estavam sem os abrigos desde sexta-feira (6), quando foram retiradas.
Segundo uma das protetoras independentes que cuidam dos animais, Flávia Leão, a ação da prefeitura era inesperada. "A gente colocava lona por cima, mas a prefeitura chegou de manhã e saiu tirando tudo. Foram super grossos, quebraram casinhas e jogaram no caminhão, mas conversamos com eles e ainda conseguimos recuperar alguns materiais", contou.
Durante a ação, o estresse causado afetou os animais. "O gatinho mais velho, o Nelson Gonçalves, tremia tanto que achamos que ele ia morrer. Eles trataram os gatos como se fossem criminosos", lamenta.
Apesar da perda, as cuidadoras não desistiram. "Vamos reconstruir tudo. Comprei casinhas de plástico e não vou colocar a lona dessa vez, para ver se o ambiente fica mais bonito e assim a prefeitura aceite. Nossa esperança é que não retirem de novo", disse Flávia.
Gatinhos não têm para onde ir
Flávia relatou que os gatos vivem no local desde 2019 e são cuidados diariamente por um grupo de quatro voluntárias. Além dela, a protetora Gilmara também auxilia nos cuidados.
"Ali é uma região de mata. Lá moram alguns gatinhos idosos que foram abandonados. Eles são castrados, vacinados, vermifugados a cada quatro meses, alimentados duas vezes ao dia e têm água trocada regularmente", explica.
Atualmente, aproximadamente 18 gatos vivem na região. Os filhotes, constantemente abandonados no local, são levados para casa pelas cuidadoras e doados com castração garantida. Segundo Flávia, o abrigo improvisado também enfrenta outro problema: o descarte irregular de lixo por parte de moradores.
"Tem vizinho que joga lixo doméstico, sofá, guarda-roupa. Agora está limpo, mas há um mês atrás estava um caos", lamentou. Na tentativa de manter o local limpo, todos os sábados, as protetoras realizam a limpeza do abrigo.
As casinhas, muitas vezes compradas com recursos próprios, também são alvo de furtos. "Esse é ouro problema. Já compramos diversas casinhas, mas sempre roubam. Dessa vez vamos pregar para ver se não retiram", conta Flávia.
Segundo ela, os gatos são dóceis, brincalhões e acostumados com a rotina do local. Outros, no entanto, são mais ariscos e reservados, muito devido aos traumas que já aram. "Se forem desalojados, eles não têm para onde ir. Eles não conhecem outro lugar", explica.
Além de manter os abrigos, o grupo também busca lares definitivos para os animais. "Cada um tem uma história triste. Merecem um novo lar. Quem quiser adotar pode falar comigo pelo (67) 98113-3169", concluiu Flávia.