há 1 semana
Especialista alerta para riscos de "protocolo do super bebê" divulgado por influenciadores
Pediatra Paulo Serra Baruki afirmou que prática não tem respaldo científico
Um suposto protocolo de aplicação de vitaminas e aminoácidos por via endovenosa ou intramuscular em gestantes, que promete acelerar o desenvolvimento infantil e garantir bebês “mais fortes, inteligentes e resistentes”, tem ganhado popularidade nas redes sociais.
No entanto, médicos alertam: a prática não possui respaldo científico e pode colocar em risco a saúde da mãe e do bebê.
O pediatra Paulo Serra Baruki, chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD/Ebserh), classificou a prática como perigosa, sem comprovação científica e em desacordo com a ética médica.
“Não há comprovação científica nem diretrizes clínicas que orientem o uso de vitaminas ou suplementos injetáveis com esse tipo de promessa. A divulgação desse ‘protocolo’ sem amparo da ciência é uma forma de desinformação e pode ser enquadrada como charlatanismo, além de ferir a Resolução nº 2.336/23 do Conselho Federal de Medicina”, afirmou Baruki.
Segundo o especialista, o uso dessas substâncias sem orientação médica, principalmente no primeiro trimestre da gestação, pode acarretar complicações sérias como trombose, arritmias cardíacas, reações alérgicas graves, choque anafilático e até mesmo risco de morte para a mãe e o bebê.
Para o feto, os riscos incluem malformações do sistema nervoso central. “Esses procedimentos não têm qualquer validação por sociedades médicas e podem comprometer de forma grave a gestação. A suplementação injetável é indicada apenas em casos específicos, e ainda assim com muita cautela”, explicou.
“A boa medicina é baseada em evidências. Soluções sedutoras, sem fundamento, colocam vidas em risco. A saúde da gestante e do bebê deve sempre ser acompanhada por profissionais qualificados”, conclui Baruki.
O que é recomendado durante a gravidez?
De acordo com Baruki, o acompanhamento pré-natal adequado, com profissionais especializados e baseados em diretrizes científicas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e do Ministério da Saúde, é essencial para uma gestação saudável.
A suplementação de ferro e ácido fólico via oral, especialmente no primeiro trimestre, é amplamente recomendada, mas não há necessidade de suplementação generalizada para todas as gestantes. A avaliação deve ser individualizada.
Atenção a dietas vegetarianas e veganas
Embora dietas vegetarianas bem planejadas não apresentem riscos, no caso de veganas — que excluem qualquer produto de origem animal — é necessário monitorar nutrientes como vitamina B12, ferro, cálcio, colina, vitamina D e ômega-3, que geralmente são obtidos de fontes animais.