Por mais que a legislação garanta o direito ao uso de assentos preferenciais para pessoas com deficiência, a realidade enfrentada por Cinthia, de 46 anos, aposentada por invalidez, no transporte coletivo revela a falta empatia de outros usuários em Campo Grande.
Cinthia convive com fibromialgia, uma condição crônica que causa dores intensas por todo o corpo. Mesmo utilizando o colar do girassol, símbolo que indica deficiência oculta, ela relata que quase sempre precisa enfrentar trajetos inteiros de pé, em ônibus lotados, sem que alguém se disponha a ceder lugar.
"Está difícil andar de ônibus. Eu uso o colar para sinalizar que tenho uma deficiência, no caso a fibromialgia, e ainda tenho cirurgias e problemas na coluna", conta. "Hoje pela manhã, indo para meu tratamento, uma garota de uns 13 ou 14 anos estava no assento amarelo e fingia que não me via. Fui do meu bairro ao terminal Guaicurus de pé".
Segundo Cinthia, a situação é recorrente, pessoas mais jovens, mesmo vendo os sinais, preferem ignorar. "Tem vezes que a gente chega perto das pessoas mais novas e elas viram para o outro lado, fingem que estão dormindo", conta.
A Lei Municipal nº 7.311, sancionada em 24 de setembro de 2024, reconhece pessoas com fibromialgia como pessoas com deficiência, garantindo o o a benefícios como o e livre e o direito aos assentos preferenciais. Ainda assim, a aplicação da lei esbarra no comportamento da população. "A população tem que ter mais empatia, porque só quem tem essa e outras doenças e depende de ônibus sabe o que a", desabafa.
Além da dor física, a rotina de descaso contribui para o isolamento. "Tem hora que faço de tudo para não sair de casa, mas preciso me tratar, porque a doença não tira férias. E dói, dói muito", fala.
No mês dedicado à conscientização sobre a fibromialgia, Cinthia faz um apelo para que a sociedade aprenda a reconhecer e respeitar as deficiências invisíveis.
"A fibromialgia é uma condição que não é muito divulgada. A gente não tem sono reparador, sente fadiga e cansaço. E ainda tem que enfrentar ônibus cheio e falta de respeito", pontua.